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Milhares saem à rua
Dia 25 de abril, dia da liberdade, dia 01 de maio, dia do trabalhador …… milhares saem à rua, festejando o passado, vivendo o presente e exigindo o futuro. No quotidiano, cada um tem as suas preocupações, os seus projetos, as suas reivindicações.
Mas, nestes dias parece que todos valorizam o mesmo, todos querem o mesmo.
A liberdade e os direitos no trabalho são, inegavelmente, transversais à existência de todos nós. Unem aqueles que no dia-a-dia desconfiam uns dos outros, não conhecem o vizinho do andar de cima, se desviam dos sem abrigos, evitam o metro sobrelotado.
Nesses dias, desconhecidos sorriem uns para os outros; cantam em uníssono aqueles cujos discursos se opõem; sente-se empatia naqueles que antes se rejeitavam mutuamente. Torna-se desconcertante e, simultaneamente, esperançoso observar como uma palavra, um acontecimento, uma ânsia pode de forma tão natural e tão verdadeira. Sim, apesar de todas as diferenças, de todas os conflitos, de todas as ameaças, há algo capaz de possibilitar o entendimento, de criar a união, de fortalecer laços.
Existem valores que transcendem todas as oposições e tensões; existem palavras que destroem barreiras e criam pontes. A importância de poder usar as palavras, de poder escolher as palavras, de conhecer as palavras dos outros, de saber partilhar as nossas palavras… em suma o poder da palavra é algo que muitas vezes desconhecemos e desprezamos quando, pelo contrário, deveríamos valorizar e usufruir dele.
Podem dizer que são apenas dias sem consequências no nosso quotidiano. Eu diria que podem não ter repercussões imediatas sim, mas farão eco nas nossas cabeças e darão alento aos nossos corações.
E isso continua a ser fundamental, foi a esperança, o querer, o pensar que era possível que levou à concretização do 25 de abril ou do 01 de maio. Por isso, estas manifestações nas quais, nalguns pontos essenciais, todos remam para o mesmo lado são, de facto, relevantes para o amanhã e essenciais para a sobrevivência de uma sociedade.
Ana Paula Almeida